31/12/2008

hoje é



o último dia do ano, quem quiser continuar em 2008, lamento informar que à meia-noite e um segundo o ano vai-se embora, resignação e animo para receber a criança que aí vem.

30/12/2008

ginástica para a coluna


então o governo salva uns tantos para diz ele, não ficar mal na foto madoff: agora vêm uns senhores dizer que foram enganados mais roubados e vai tudo para tribunal. E claro que agora nos tribunais a coisa vai-se arrastar décadas e é mais uma cegada sem culpados e ninguém é preso, pelo contrário são protegidos...ESTE PAÍS NÃO É PARA HONESTOS.

29/12/2008

acabou


uma loucura, já começa a outra, então e o fim do ano? ainda não é este ano que tenho um plano mirabolante, muitos planos por aí? Já estão todos num destino paradisíaco? Quero uma ilha, é a minha decisão para ano de 2009!

26/12/2008

ano que vem


repete-se, foi o que ocorreu ontem nas despedidas depois dos exageros da ordem, à medida que vou crescendo, vou concluindo que o que sobra e o que se guarda até ao próximo, são mesmo as belas disposições e gargalhadas...bem para alguns também talvez uns kilitos a mais. Ainda bem que o natal não é como o carnaval 4 dias.

23/12/2008

nos dias


em que acordamos bem dispostos, não há nada nem ninguém que o estrague, nem o sol envergonhado nem as noticias repetitivas das contas que os outros não fazem. É bem verdade que se estivermos bem por dentro nada consegue limpar essa alegria...Nada como fotografar esse momentos, nem que com a máquina mental.

19/12/2008

coisas muito boas da vida




exclusivo para meninas, com ou sem azeitona.

barris marados


mesmo assim a BP não deve deixar de dar lucro;

Anomalias em combustível fornecido pela BP terão estado na origem de avarias em dezenas de automóveis em diversas localidades da zona Norte do País, designadamente de Viana do Castelo, Braga e Tarouca – Vila Real. Os automobilistas queixam--se de que, alguns quilómetros depois de terem abastecido, as viaturas ficaram imobilizadas.


Mais uma vez a crise era para alguns:
Mercedes, BMW e Audi são as marcas de viaturas com mais queixas, mas há também problemas em veículos Renault e Citroën – incluindo carrinhas dos CTT.

17/12/2008

depois - news


de Bragança é chegada a vez de Ílhavo se internacionalizar, NYT desta feita pela mão do fiel amigo, salgado ou como ali previsto congelado. A internacionalização da tradição! para quando a do galo de Barcelos? ou do artesanato das Caldas? ou a da padeira de Aljubarrota? há mais mas foram as que me ocorreram....


“The greatest friend of Portugal is bacalhau,” said Fernando Santos, an officer of the Friends of Bacalhau, a club that has 46 chapters around the world, hosts salt cod lunches and distributes cod-decorated neckties, pins, baseball caps, T-shirts and flags. “It has always come from afar, but it is part of our identity.”

15/12/2008

assim como assim


vou começar a semana com este lema

14/12/2008

domingo


espero que hoje possamos almoçar descansados, sem ser interrompidos por gente de má fé mentirosa e que me dá vómitos...pelo sim pelo não vou-me manter afastada da TV, não vá haver uma repetição daquela palhaçada de medidas salvadoras da pátria...

11/12/2008

mitos urbanos

há sempre uma razão, pode estar é oculta mas há.

10/12/2008

são só perigos


Sou do tempo daquela piada já gasta do liceu, sei sou antiga, a virgindade provoca o cancro, vacinem-se. Lembrei-me hoje ao ler esta noticia mais um síndroma, mais uma cautela a ter:

A young Chinese woman was left partially deaf following a passionate kiss from her boyfriend.

Espero que seja um efeito se restrinja aos asiáticos, assim como assim, não fazia tensões de oscular um xinoca, depois da soja, agora são os beijos ainda que não mortais, deixam as meninas moucas.

09/12/2008

coisas que não entendo


somos um país pequeno, pequeníssimo, uns preocupam-se, falam, discutem, alertam para a crise global, a outros parece esta ser completamente alheia, não dão por nada, dizem que tudo está igual, sinto-me burra, não entendo tamanha diferença de percepção.

05/12/2008

rescaldo


ainda a menina dos jogos Olímpicos, que por não ser bonita enough não apareceu a cantar, nesta era de que a beleza é que interessa, a ver a cambada de programas em que alterando a aparência se encontra a felicidade eterna, quiçá o nirvana... Bem a menina, a vergonhaça foi tal que agora comem todos e assim de agora em diante lá pela China o pessoal para ser artista da canção tem que cantar mesmo. Será que os ventos do Oriente chegarão cá, num contentor qualquer?

The announcement follows last month's news reports that the Ministry of Culture would revoke the licences of professional performers who are caught lip-synching it twice during a two-year period.

03/12/2008

dúvidas


existenciais próprias da época e porque não da hora; sair ou não sair da cama eis a questão.

02/12/2008

crise vs demografia


há que arranjar actividades lúdicas, mais baratas do que as jantaradas em restaurantes da moda com os amigos ou mesmo as compritas que tanto prazer podem dar. Nesta época de natal talvez fique com alguma ideia para oferecer um presente original, depois de ler este artigo:

A YouGov survey of 2,000 adults found sex was the most popular free activity, ahead of window shopping and gossiping.

01/12/2008

longo


e frio o weekend, espero que quente por dentro, cheio de miminhos. Vem já outro a seguir...

28/11/2008

os perigos do golf



como perder o swing out bounds e direi mesmo que poderão haver sequelas e traumatismos vários a carecer de tratamento psiquiátrico. As crianças coitadas que se aprimoravam num torneio ficaram expostas ás loucuras dos pais, ao darem de caras com um bando de stripteasers.

27/11/2008

I feel


kind of on the rocks

26/11/2008

????


aquela senhora que foi chamada de a banqueira do povo, também tinha um banco virtual ou não? foi pioneira ou não? porquê que o estado não a nacionalizou? aquele fundo não havia então?

25/11/2008

supervisionar


hoje apetecia-me supervisionar do outro lado do vidro. Entretanto vou comprar uns tantos dicionários e já volto...

24/11/2008

ainda bem que há musica

estes novos tempos


acordaram sons de sonhos longínquos, as tais da crises existênciais que para alguns parecem ter voltado:
Remember when you were young, you shone like the sun.
Shine on you crazy diamond. Now there's a look in your eyes, like black holes in the sky. Shine on you crazy diamond.

21/11/2008

recordações


I swear it happened just like this:
a sigh, a cry, a hungry kiss
the Gates of Love they budged an inch
I can't say much has happened since
CLOSING TIME

20/11/2008

uma boa safra


a minha, anos 60, geração de genica, parabéns a mim, faço hoje aninhos e espero ter um dia fantástico, sem chatices, muita gargalhada e umas cositas más...

19/11/2008

manelinha, manelinha


é que eu até nem simpatizo com a gaja...teve um lapso linguístico e pôs o país a falar dela...gozem, brinquem mas tenho para mim de que andam todinhos cheios de vontade.....

18/11/2008

é triste


mas é verdade aconteceu mesmo; hora de ponta num estacionamento de uma dessas mega lojas, cair da noite, que agora é bem cedo; duas gajas ou meninas crescidas, eu e outra num jipe preto que resolveu não pegar...levanta-se o capot...tenta-se coiso e tal...bem abreviando a coisa resolveu-se, não era bateria...e o problema tinha a haver com a chave e ignição...também não vou dizer o que era...não vá umas das avantesmas que passou por nós ler isto; e este é o ponto!!!!!!!! Nas 2 horas que esta cena durou, passaram por nós montanhas de people, gentinha, todos olharam e uns comentaram entre eles....E NÃO HOUVE UM CABRÃO QUE PERGUNTASSE SE ERA NECESSÁRIA ALGUMA AJUDA. Aprende-se sempre qualquer nem que seja sentada no estacionamento à espera do reboque.

Homens pró tanque já, para nós irmos para a aula de mecânica....ao fim das 2 hrs falando com o segurança e uma senhora da loja......foi ela que disse, isso não deve ser da bateria pelo som..............

17/11/2008

matrix?


aos 15 anos lembro-me de ter rasgado cadernos cheios de pensamentos, porque um namorado queria lê-los, coisas daquela idade, passaram muitos anos mas alguns daqueles escritos estariam hoje bem actuais. Há alturas na vida que só mesmo aquilo que nós escrevemos e dizemos nos prova que estamos vivos, já que temos a sensação que ninguém nos vê ou ouve, logo se calhar isto tudo é uma criação de outros, como no filme do Matrix.

14/11/2008

6ªfeira


comecei a semana cheia de genica e esperança, acabou por ser um fiasco, dirão alguns que se calhar as expectativas eram altas, fuck, não entendo expectativas sem serem altas, passo a vida a praticar o tal do optimismo, fuck, hoje pelo menos aqui vou dizer, que isto está difícil, que eu devia ter ido para o teatro, já que sou uma artista muito credível, a ver como tenho incorporado a personagem da mulher invencivel.....................................................................Fuck...........................espero que haja vidas reais mais bonitas.

13/11/2008

será



que é um código e eu não sei? Refiro-me à expressão "reward chocolate" é que a ver pela quantidade de incautos que aqui caem depois de porem esta expressão no motor de busca...começo a achar que há um sentido que eu não conheço! Será!?

12/11/2008

há putos e putos


gostava de saber se os tais dos assessores, os todos que já têm o tal do magalhães e já sabem que é resistente ao choque e aos líquidos, porque o testaram, se tiveram que o requisitar pela internet, ou então que alguém me explicasse devagarinho, porque que eles os receberam 1º que os putos. Isto não está a correr nada bem!

11/11/2008

cambada à molhada


ontem tive que lidar com um gajo sem coluna vertebral, que não sabe honrar compromissos e claro está que quase me ia estragando o dia, desculpa de maus pagadores para não pagarem o que devem...eis que à noite oiço a história com contornos dúbios do Pinho e do Sebastião.
Parece que há uns que andam sempre no banco de trás.

10/11/2008

bom dia Vietnam

começo esta cheia de pica, vai ser fantástica, vou fazer montanhas de coisas, vai render como o caraças, vou recuperar tempo perdido, vou usar bem todos os minutinhos... uma força da natureza in action...

07/11/2008

fecha-se mais uma semana


e a bem dizer Obama foi a única real noticia; agora como já está, já foi, já era, inventa-se...o cão para a casa...depois há-de ser o nome... a Palin nas próximas...isto de os jornalistas terem que ser ficcionistas é tramado.

06/11/2008

sol e frio


um bom dia para estar aqui...

05/11/2008

contactos globais



Este foi o email que quem apoiou o candidato de onde quer que fosse, recebeu:

I'm about to head to Grant Park to talk to everyone gathered there, but I wanted to write to you first.

We just made history.

And I don't want you to forget how we did it.

You made history every single day during this campaign -- every day you knocked on doors, made a donation, or talked to your family, friends, and neighbors about why you believe it's time for change.

I want to thank all of you who gave your time, talent, and passion to this campaign.

We have a lot of work to do to get our country back on track, and I'll be in touch soon about what comes next.

But I want to be very clear about one thing...

All of this happened because of you.

Thank you,

Barack

as coisas que aprendi


ontem a ver televisão...o novo estado do Kent(a)Ky, e os mumbros, (não vi a palavra escrita, tenho receio de dar erros)... bastou-me era muita informação pô meu...agora tou a escrever bué de vezes para não me esquecer.

04/11/2008

nem quero ver


os efeitos psicológicos, seja qual for o candidato que ganhe a casinha branca para morar...ou seja quem vai pagar o pato depois da euforia...

03/11/2008

começamos mais uma

e nem todos têm caminhos fáceis e claros para percorrer.

31/10/2008

é longo mas vale a pena

Sr. Engº José Sócrates,

Antes de mais, peço desculpa por não o tratar por Excelência nem por Primeiro-Ministro, mas, para ser franca, tenho muitas dúvidas quanto ao facto de o senhor ser excelente e, de resto, o cargo de primeiro-ministro parece-me, neste momento, muito pouco dignificado.

Também queria avisá-lo de antemão que esta carta vai ser longa, mas penso que não haverá problema para si, já que você é do tempo em que o ensino do Português exigia grandes e profundas leituras. Ainda pensei em escrever tudo por tópicos e com abreviaturas, mas julgo que lhe faz bem recordar o prazer de ler um texto bem escrito, com princípio, meio e fim, e que, quiçá, o faça reflectir (passe a falta de modéstia).

Gostaria de começar por lhe falar do 'Magalhães'. Não sobre os erros ortográficos, porque a respeito disso já o seu assessor deve ter recebido um e-mail meu. Queria falar-lhe da gratuitidade, da inconsequência, da precipitação e da leviandade com que o senhor engenheiro anunciou e pôs em prática o projecto a que chama de e-escolinha.

O senhor fala em Plano Tecnológico e, de facto, eu tenho visto a tecnologia, mas ainda não vi plano nenhum. Senão, vejamos a cronologia dos factos associados ao projecto 'Magalhães':

. No princípio do mês de Agosto, o senhor engenheiro apareceu na televisão a anunciar o projecto e-escolinhas e a sua ferramenta: o portátil Magalhães.

. No dia 18 de Setembro (quinta-feira) ao fim do dia, o meu filho traz na mochila um papel dirigido aos encarregados de educação, com apenas quatro linhas de texto informando que o 'Magalhães' é um projecto do Governo e que, dependendo do escalão de IRS, o seu custo pode variar entre os zero e os 50 euros. Mais nada! Seguia-se um formulário com espaço para dados como nome do aluno, nome do encarregado de educação, escola, concelho, etc. e, por fim, a oportunidade de assinalar, com uma cruzinha, se pretendemos ou não adquirir o 'Magalhães'.

. No dia 22 de Setembro (segunda-feira), ao fim do dia, o meu filho traz um novo papel, desta vez uma extensa carta a anunciar a visita, no dia seguinte, do primeiro-ministro para entregar os primeiros 'Magalhães' na EB1 Padre Manuel de Castro. Novamente uma explicação respeitante aos escalões do IRS e ao custo dos portáteis.

. No dia 23 de Setembro (terça-feira), o meu filho não traz mais papéis, traz um 'Magalhães' debaixo do braço.

Ora, como é fácil de ver, tudo aconteceu num espaço de três dias úteis em que as famílias não tiveram oportunidade de obter esclarecimentos sobre a futura utilização e utilidade do 'Magalhães'. Às perguntas que colocámos à professora sobre o assunto, ela não soube responder.
Reunião de esclarecimento, nunca houve nenhuma.

Portanto, explique-me, senhor engenheiro: o que é que o seu Governo pensou para o 'Magalhães'? Que planos tem para o integrar nas aulas? Como vai articular o seu uso com as matérias leccionadas? Sabe, é que 50 euros talvez seja pouco para se gastar numa ferramenta de trabalho, mas, decididamente, e na minha opinião, é demasiado para se gastar num brinquedo. Por favor, senhor engenheiro, não me obrigue a concluir que acabei de pagar por uma inutilidade, um capricho seu, uma manobra de campanha eleitoral, um espectáculo de fogo de artifício do qual só sobra fumo e o fedor intoxicante da pólvora.

Seja honesto com os portugueses e admita que não tem plano nenhum. Admita que fez tudo tão à pressa que nem teve tempo de esclarecer as escolas e os professores. E não venha agora dizer-me que cabe aos pais aproveitarem esta maravilhosa oportunidade que o Governo lhes deu e ensinarem os filhos a lidar com as novas tecnologias. O seu projecto chama-se e-escolinha, não se chama e-familiazinha! Faça-lhe jus! Ponha a sua equipa a trabalhar, mexa-se, credibilize as suas
iniciativas!

Uma coisa curiosa, senhor engenheiro, é que tudo parece conspirar a seu favor nesta sua lamentável obra de empobrecimento do ensino assente em medidas gratuitas.

Há dias arrisquei-me a ver um episódio completo da série Morangos com Açúcar. Por coincidência, apanhei precisamente o primeiro episódio da nova série que significa, na ficção, o primeiro dia de aulas daquela miudagem. Ora, nesse primeiro dia de aulas, os alunos conheceram a sua professora de matemática e o seu professor de português. As imagens sucediam-se alternando a aula de apresentação de matemática por contraposição à de português. Enquanto a professora de matemática escrevia do quadro os pressupostos da sua metodologia - disciplina, rigor e trabalho - o professor de português escrevia no quadro os pressupostos da sua - emoção, entrega e trabalho. Ora, o que me faz espécie, senhor engenheiro, é que a personagem da professora de matemática é maldosa, agressiva e antiquada, enquanto que o professor de português é um tipo moderno e bué de fixe. Então, de acordo com os princípios do raciocínio lógico, se a professora de matemática é maldosa e agressiva e os seus pressupostos são disciplina e rigor, então a disciplina e o rigor são coisas negativas. Por outro lado, se o professor de português é bué de fixe, então os pressupostos da emoção e da entrega são perfeitos. E de facto era o que se via. Enquanto que na aula de matemática os alunos bufavam, entediados, na aula de português sorriam, entusiasmados.

Disciplina e rigor aparecem, assim, como conceitos inconciliáveis com emoção e entrega, e isto é a maior barbaridade que eu já vi na minha vida. Digo-o eu, senhor engenheiro, que tenho uma profissão que vive das emoções, mas onde o rigor é 'obstinado', como dizem os poetas. Eu já percebi que o ensino dos dias de hoje não sabe conciliar estes dois lados do trabalho. E, não o sabendo, optou por deixar de lado a disciplina e o rigor. Os professores são obrigados a acreditar que para se fazer um texto criativo não se pode estar preocupado com os erros ortográficos. E que para se saber fazer uma operação aritmética não se pode estar preocupado com a exactidão do seu resultado. Era o que faltava, senhor engenheiro!

Agora é o momento em que o senhor engenheiro diz de si para si: mas esta mulher é um Velho do Restelo, que não percebe que os tempos mudaram e que o ensino tem que se adaptar a essas mudanças? Percebo, senhor engenheiro. Então não percebo? Mas acontece que o que o senhor engenheiro está a fazer não é adaptar o ensino às mudanças, você está a esvaziá-lo de sentido e de propósitos. Adaptar o ensino seria afinar as metodologias por forma a torná-las mais cativantes aos olhos de uma geração inquieta e voltada para o imediato. Mas nunca diminuir, nunca desvalorizar, nunca reduzir ao básico, nunca baixar a bitola até ao nível da mediocridade.

Mas, por falar em Velho do Restelo...

... Li, há dias, numa entrevista com uma professora de Literatura Portuguesa, que o episódio do Velho do Restelo foi excluído do estudo d'Os Lusíadas. Curioso, porque este era o episódio que punha tudo em causa, que questionava, que analisava por outra perspectiva, que é algo que as crianças e adolescentes de hoje em dia estão pouco habituados a fazer. Sabem contrariar, é certo, mas não sabem questionar. São coisas bem diferentes: contrariar tem o seu quê de gratuito; questionar tem tudo de filosófico. Para contrariar, basta bater o pé. Para questionar, é preciso pensar.

Tenho pena, porque no meu tempo (que não é um tempo assim tão distante), o episódio do Velho do Restelo, juntamente com os de Inês de Castro e da Ilha dos Amores, era o que mais apaixonava e empolgava a turma. Eram três episódios marcantes, que quebravam a monotonia do discurso de engrandecimento da nação e que, por isso, tinham o mérito de conseguir que os alunos tivessem curiosidade em descodificar as suas figuras de estilo e desbravar o hermetismo da linguagem. Ainda hoje me lembro exactamente da aula em que começámos a ler o episódio de Inês de castro e lembro-me das palavras da professora Lídia, espicaçando-nos, estimulando-nos, obrigando-nos a pensar. E foi há 20 anos.

Bem sei que vivemos numa era em que a imagem se sobrepõe à palavra, mas veja só alguns versos do episódio de Inês de Castro, veja que perfeita e inequívoca imagem eles compõem:

'Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruito,
Naquele engano d'alma ledo e cego,
Que a fortuna não deixa durar muito (...)'

Feche os olhos, senhor engenheiro, vá lá, feche os olhos. Não consegue ver, perfeitamente desenhado e com uma nitidez absoluta, o rosto branco e delicado de Inês de Castro, os seus longos cabelos soltos pelas costas, o corpo adolescente, as mãos investidas num qualquer bordado, o pensamento distante, vagueando em delícias proibidas no leito do príncipe? Não vê os seus olhos que de vez em quando escapam às linhas do bordado e vão demorar-se na janela, inquietos de saudade, à espera de ver D. Pedro surgir a galope na linha do horizonte? E agora, se se concentrar bem, não vê uma nuvem negra a pairar sobre ela, não vê o prenúncio do sangue a escorrer-lhe pelos fios de cabelo? Não consegue ver tudo isto apenas nestes quatro versos?

Pois eu acho estes quatro versos belíssimos, de uma simplicidade arrebatadora, de uma clareza inesperada. É poesia, senhor engenheiro, é poesia! Da mais nobre, grandiosa e magnífica que temos na nossa História. Não ouse menosprezá-la. Não incite ninguém a desrespeitá-la.

Bem, admito que me perdi em divagações em torno da Inês de Castro. O que eu queria mesmo era tentar perceber porque carga de água o Velho do Restelo desapareceu assim. Será precisamente por estimular a diferença de opiniões, por duvidar, por condenar? Sabe, não tarda muito, o episódio da Ilha dos Amores será também excluído dos conteúdos programáticos por 'alegado teor pornográfico' e o de Inês de Castro igualmente, por 'incitamento ao adultério e ao desrespeito pela autoridade'.

Como é, senhor engenheiro? Voltamos ao tempo do 'lápix' azul?

E já agora, voltando à questão do rigor e da disciplina, da entrega e da emoção: o senhor engenheiro tem ideia de quanta entrega e de quanta emoção Luís de Camões depôs na sua obra? E, por outro lado, o senhor engenheiro duvida da disciplina e do rigor necessários à sua concretização? São centenas e centenas de páginas, em dezenas de capítulos e incontáveis estrofes com a mesma métrica, o mesmo tipo de rima, cada palavra escolhida a dedo... o que implicou tudo isto senão uma carga infinita de disciplina e rigor?

Senhor engenheiro José Sócrates: vejo que acabo de confiar o meu filho ao sistema de ensino onde o senhor montou a sua barraca de circo e não me apetece nada vê-lo transformar-se num palhaço. Bem, também não quero ser injusta consigo. A verdade é que as coisas já começaram a descarrilar há alguns anos, mas também é verdade que você está a sobrealimentar o crime, com um tirinho aqui, uma facadinha ali, uma desonestidade acolá.

Lembro-me bem da época em que fiz a minha recruta como jornalista e das muitas vezes em que fui cobrir cerimónias e eventos em que você participava. Na altura, o senhor engenheiro era Secretário de Estado do Ambiente e andava com a ministra Elisa Ferreira por esse Portugal fora, a inaugurar ETAR's e a selar aterros. Também o vi a plantar árvores, com as suas próprias mãos. E é por isso que me dói que agora, mais de dez anos depois, você esteja a dar cabo das nossas sementes e a tornar estéreis os solos que deveriam ser férteis.

Sabe, é que eu tenho grandes sonhos para o meu filho. Não, não me refiro ao sonho de que ele seja doutor ou engenheiro. Falo do sonho de que ele respeite as ciências, tenha apreço pelas artes, almeje a sabedoria e valorize o trabalho. Porque é isso que eu espero da escola. O resto é comigo.

Acho graça agora a ouvir os professores dizerem sistematicamente aos pais que a família deve dar continuidade, em casa, ao trabalho que a escola faz com as crianças. Bem, se assim fosse eu teria que ensinar o meu filho a atirar com cadeiras à cabeça dos outros e a escrever as redacções em linguagem de sms. Não. Para mim, é o contrário: a escola é que deve dar continuidade ao trabalho que eu faço com o meu filho. Acho que se anda a sobrevalorizar o papel da escola. No meu tempo, a escola tinha apenas a função de ensinar e fazia-o com competência e rigor. Mas nos dias que correm, em que os pais não têm tempo nem disposição para educar os filhos, exige-se à escola que forme o seu carácter e ocupe todo o seu tempo livre. Só que infelizmente ela tem cumprido muito mal esse papel.

A escola do meu tempo foi uma boa escola. Hoje, toda a gente sabe que a minha geração é uma geração de empreendedores, de gente criativa e com capacidade iniciativa, que arrisca, que aposta, que ambiciona. E não é disso que o país precisa? Bem sei que apanhámos os bons ventos da adesão à União Europeia e dos fundos e apoios que daí advieram, mas isso por si só não bastaria, não acha? E é de facto curioso: tirando o Marco cigano, que abandonou a escola muito cedo, e a Fatinha que andava sempre com ranhoca no nariz e tinha que tomar conta de três irmãos mais novos, todos os meus colegas da primária fizeram alguma coisa pela vida. Até a Paulinha , que era filha da empregada (no meu tempo dizia-se empregada e não auxiliar de acção educativa, mas, curiosamente, o respeito por elas era maior), apesar de se ter ficado pelo 9º ano, não descansou enquanto não abriu o seu próprio Pão Quente e a ele se dedicou com afinco e empenho. E, no entanto, levámos reguadas por não sabermos de cor as principais culturas das ex-colónias e éramos sujeitos a humilhação pública por cada erro ortográfico. Traumatizados? Huuummm... não me parece. Na verdade, senhor engenheiro, tenho um respeito e uma paixão pela escola tais que, se tivesse tempo e dinheiro, passaria o resto da minha vida a estudar.

Às vezes dá-me para imaginar as suas conversas com os seus filhos (nem sei bem se tem um ou dois filhos...) e pergunto-me se também é válido para eles o caos que o senhor engenheiro anda a instalar por aí. Parece que estou a ver o seu filho a dizer-lhe: ó pai, estou com dificuldade em resolver este sistema de três equações a três incógnitas... dás-me uma ajuda? E depois, vejo-o a si a responder com a sua voz de homilia de domingo: não faz mal, filho... sabes escrever o teu nome completo, não sabes? Então não te preocupes, é perfeitamente suficiente...

Vendo as coisas assim, não lhe parece criminoso o que você anda a fazer?

E depois, custa-me que você apareça em praça pública acompanhado da sua Ministra da Educação, que anda sempre com aquele ar de infeliz, de quem comeu e não gostou, ambos com o discurso hipócrita do mérito dos professores e do sucesso dos alunos, apoiados em estatísticas cuja real interpretação, à luz das mudanças que você operou, nos apresenta uma monstruosa obscenidade. Ofende-me, sabe? Ofende-me por me tomar por estúpida.

Aliás, a sua Ministra da Educação é uma das figuras mais desconcertantes que eu já vi na minha vida. De cada vez que ela fala, tenho a sensação que está a orar na missa de sétimo dia do sistema de ensino e que o que os seus olhos verdadeiramente dizem aos pais deste Portugal é apenas 'os meus sentidos pêsames'.

Não me pesa a consciência por estar a escrever-lhe esta carta. Sabe, é que eu não votei em si para primeiro-ministro, portanto estou à vontade. Eu votei em branco. Mas , alto lá! Antes que você peça ao seu assessor para lhe fazer um discurso sobre o afastamento dos jovens da política, lembre-se, senhor engenheiro: o voto em branco não é o voto da indiferença, é o voto da insatisfação! Mas, porque vos é conveniente, o voto em branco é contabilizado, indiscriminadamente, com o voto nulo, que é aquele em que os alienados desenham macaquinhos
e escrevem obscenidades.

Você, senhor engenheiro, está a arriscar-se demasiado. Portugal está prestes a marcar-lhe uma falta a vermelho no livro de ponto. Ah... espere lá... as faltas a vermelho acabaram... agora já não há castigos...

Bem, não me vou estender mais, até porque já estou cansada de repetir 'senhor engenheiro para cá', 'senhor engenheiro para lá'. É que o meu marido também é engenheiro e tenho receio de lhe ganhar cisma.

Esta carta não chegará até si. Vou partilhá-la apenas e só com os meus E-leitores (sim, sim, eu também tenho os meus eleitores) e talvez só por causa disso eu já consiga hoje dormir melhor. Quanto a si, tenho dúvidas.

Para terminar, tenho um enorme prazer em dedicar-lhe, aqui, uma estrofe do episódio do Velho do Restelo. Para que não caia no esquecimento. Nem no seu, nem no nosso.

'A que novos desastres determinas
De levar estes Reinos e esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas,
Debaixo dalgum nome preminente?
Que promessas de reinos e de minas
De ouro, que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás? Que histórias?
Que triunfos? Que palmas? Que vitórias? '

Atenciosamente e ao abrigo do artigo nº 37 da Constituição da República Portuguesa,

Uma mãe preocupada


o 1º

já estragou o nome do Magalhães agora é o do TimTim.......que eu até gramava...mas agora com associação de ideias.........................

depois de uma semana

vulcânica, votos de boa disposição...

30/10/2008

mau tempo

no canal, no céu, na terra e se calhar também no inferno

28/10/2008

27/10/2008

vou continuar aqui

Well Im about to get sick
From watchin my tv
Been checkin out the news

24/10/2008

landing

down there in Salgados